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sexta-feira, 28 de março de 2025

Tephra Cave - Xenoblade

Tephra Cave — O Túnel Entre a Perda e o Que Vem Depois

Tephra Cave — O Túnel Entre a Perda e o Que Vem Depois

23/03/2025

“Toda caverna tem ecos. Alguns vêm das paredes. Outros, de dentro da gente.”

Entrar em Tephra Cave é cruzar uma linha. Não só no mapa, mas dentro do peito. Deixar Colônia 9 já foi difícil — um pedaço de mim ficou lá, congelado no tempo. Mas a caverna não oferece tempo para luto. Ela te engole em silêncio, em umidade, em labirintos que parecem feitos para você se perder um pouco mais de si mesmo.

É nesse espaço apertado e escuro que o jogo muda de tom. E eu também mudo. Aqui, a dor ainda pulsa com força, e não há mais distrações. Não há sidequests alegres, nem moradores sorridentes. Só rochas. Sombras. E ecos da última risada da Fiora.

Rejogar essa parte me doeu. Porque diferente da Colônia, onde ainda havia beleza, aqui só há o vazio que vem depois da perda. Tephra Cave é o corredor do luto. A transição entre o mundo conhecido e o desconhecido. Entre o “eu achava que sabia quem eu era” e o “preciso seguir em frente mesmo assim”.

Alguns inimigos são fortes demais. E sim, eu morri. Várias vezes. E dessa vez, não foi frustrante. Foi simbólico. Porque perder-se nesse túnel parece natural. Como se o jogo soubesse que você precisa tropeçar aqui. Precisa sentir o peso do caminho. Precisa entender que a jornada nunca será limpa depois da morte.

Há um silêncio nessa parte que não é apenas ambiental — é emocional. A ausência de Fiora é mais sentida em Tephra Cave do que no local de sua perda. Porque aqui já não há mais esperança, só um objetivo: vingança. E a vingança nunca é nobre. É apenas o que sobra quando amar não é mais uma opção.

As paredes da caverna me lembraram pessoas que passaram pela minha vida. Algumas me protegeram. Outras me feriram. Mas todas, de alguma forma, me moldaram. O mesmo acontece com esse trecho do jogo. Ele não tem beleza, nem conforto — mas tem propósito. Ele faz você atravessar a dor para merecer o que vem depois.

Tephra Cave não é só um mapa. É um símbolo. De quando seguimos, mesmo machucados. De quando erramos o caminho, mesmo com o mapa na mão. E de quando, mesmo no escuro, ainda há algo que nos empurra adiante.

Eu avancei. Mas deixei partes de mim naquela escuridão. E talvez, como em tantas fases da vida, seja esse o preço de continuar.

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