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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Bionis' Leg - Xenoblade

Bionis’ Leg — Quando o Mundo se Abre e a Dor Ganha Espaço

Bionis’ Leg — Quando o Mundo se Abre e a Dor Ganha Espaço

23/03/2025

“Nem todo mundo que caminha ao seu lado está voltando para casa.”

O impacto do horizonte

Quando o jogo nos empurra para fora da caverna e nos coloca diante da vastidão de Bionis' Leg, é como se o mundo, de repente, se tornasse grande demais. A sensação de expansão é avassaladora. Não apenas no mapa, mas emocionalmente. Porque agora estamos fora. A dor já aconteceu. A perda já se instalou. E tudo o que nos resta é caminhar.

A primeira vez que joguei essa parte, a paisagem me prendeu. Desta vez, o que me prendeu foi o silêncio. Um silêncio que ecoa entre as pernas do titã morto, no balanço da grama alta, e nos olhos de quem sobreviveu — mas ainda não sabe como continuar.

Juju e a revolta de crescer

Juju é irritante. Mas é porque ele é real. Ele representa aquela raiva que todo adolescente sente quando o mundo adulto tenta protegê-lo do inevitável. Ele quer agir. Quer provar que é forte. Quer quebrar o ciclo de dor que já viu demais. E, mesmo com boas intenções, ele só consegue colocar todos em risco. Assim como eu já fiz. Assim como muitos de nós fazem quando ainda não sabem lidar com a perda.

Há algo profundamente humano nesse personagem — e nessa fase. Porque Juju, ao agir com impulsividade, faz com que todo o grupo precise tomar decisões maiores. E a gente, enquanto jogador, sente o peso disso. Não é só salvar o garoto. É salvar o que restou da esperança.

Refugiados de uma tragédia

Ao redor, estão os refugiados. Pessoas que perderam tudo. Pessoas sem cidade. Sem casa. Sem garantias. E o jogo, sem dizer diretamente, nos mostra como cada um lida com isso. Alguns oferecem sidequests simples, como se estivessem tentando manter alguma normalidade. Outros estão apenas tentando sobreviver. Há diálogos que cortam como facas. “Não sei se terei onde dormir amanhã.”

Isso me atravessa profundamente. Porque, em certo sentido, também me tornei um refugiado. De mim mesmo. Da minha cidade de origem. De vínculos que não existem mais. Ver aquelas pessoas tentando reconstruir uma vida onde não há alicerces é, para mim, uma metáfora viva de estar longe de casa — e saber que o que ficou para trás não vai voltar a ser o que era.

Sharla — a dor que vira força

É nesse momento que conhecemos Sharla. E sua introdução é uma das mais potentes emocionalmente. Ela não é apenas forte no combate — ela é forte porque carrega um irmão, uma perda anunciada, uma cidade destruída, um coração ferido. E mesmo assim, ela segue.

Sharla traz equilíbrio ao time. Ela é a personagem que carrega no peito a dor e a medicina. A tragédia e a cura. Sua presença ali é como um lembrete de que existem pessoas que seguem mesmo sem saber como. E que mesmo feridas, ainda querem proteger os outros. Ela representa um tipo de amor que vai além da esperança — ela luta porque ainda há algo para salvar.

A escolha de seguir em frente

Eventualmente, o impensável acontece. Juju some. E o grupo precisa tomar uma decisão. Ir atrás dele, mesmo com todos os riscos. E é nesse momento que o jogo nos obriga a sair daquele campo vasto e ir em direção a algo ainda mais difícil.

É a última pausa antes de mergulharmos de novo no conflito. Mas antes disso, eu fico. Parado. Olhando o campo, conversando com os refugiados, fazendo quests pequenas. Talvez porque, mais uma vez, eu não queira avançar. Porque avançar significa lidar com mais dor. E eu, como jogador e como pessoa, já aprendi que às vezes, o que mais machuca... é continuar.

Mas a escolha está feita. Vamos para Colony 6. Vamos atrás do Juju. Porque mesmo sem garantias, ainda há vínculos que valem a pena. Mesmo quando a casa já não existe mais.

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