Gamertag

sábado, 12 de abril de 2025

From (S1/E1) — Segundas Impressões

From — Segundas Impressões (Temporada 1, Episódio 1)

🚨 Aviso: este texto contém spoilers do primeiro episódio da série From.

From Temporada 1, Episódio 1: Long Day's Journey Into Night

A primeira temporada de From me pegou de jeito logo de cara. Quando assisti pela primeira vez, foi como engolir algo sem mastigar. Episódio atrás de episódio, sem pausa. Mas agora, revendo com calma — o que chamo de minhas Segundas Impressões — a experiência é outra.

Dessa vez estou assistindo de forma mais cadenciada, quase como se fosse uma série semanal. E isso me deu tempo para digerir melhor cada detalhe. O ritmo, a atmosfera, os silêncios... e principalmente, as intenções.

A primeira coisa que salta aos olhos é o ritmo lento da série. E pra mim, isso não é um defeito — é um convite. Eu gosto desse tipo de narrativa. Gosto de coisas como Twin Peaks, Arquivo X, histórias que não têm pressa e te forçam a prestar atenção até nos sussurros.

Claro, esse tipo de escolha narrativa carrega um custo: não é pra todo mundo. Muita gente pode abandonar From antes da coisa pegar. Mas eu, particularmente, gosto quando a estranheza é o ponto de partida.

A série começa com uma cena que já entrega esse tom. Um homem toca um sino no meio da cidade, mandando todos irem para casa. E você pensa: "Ok... estranho". Logo em seguida, o clichê — o marido bêbado no bar que ignora o aviso. Mas não é o clichê que importa. É o que vem depois.

Uma família se tranca em casa. Uma criança sobe para o quarto. E então... uma senhora aparece na janela, dizendo ser sua avó. Até aí, você pensa que está vendo uma cena clássica de terror. Mas aí vem o detalhe: a janela está no segundo andar. E a senhora está lá, do lado de fora. Algo está errado. E você não sabe o quê.

Esta não é uma cidade normal, e estas não são circunstâncias comuns. Há algo de mal nesta cidade, e está diretamente ligado ao anoitecer, nós vimos portas trancando, janelas cobertas e talismãs com escrita misteriosa pendurada ao lado das portas. Mas ainda não entendemos...

A menina abre a janela — e a série se transforma. Aquela senhora vira um monstro. E a casa vira um massacre. Na manhã seguinte, tudo está destruído. Não há dúvidas: From não é uma cidade normal. E aquelas criaturas... não são desse mundo. Esta cidade é assombrada de uma forma que deixa uma jovem mãe e sua filha mortas de forma horrível depois que a jovem comete o terrível pecado de abrir sua janela durante a noite.

Temos um vislumbre de um pequeno marcador que nos permite saber que já se passaram 96 dias sem incidentes, e este primeiro incidente em mais de três meses...

A partir daí, entramos no plot real: uma típica família americana, viajando de motorhome. Dois filhos adolescentes, birra de irmão, pais tentando manter a calma — o cotidiano familiar que poderia ser de qualquer um. Até que encontram uma árvore caída, um monte de corvos e... a cidade.

Eles chegam bem no momento do enterro da família que vimos morrer no começo. E quando tentam seguir adiante, voltam ao ponto de partida. Entram num loop. Um ciclo fechado. E se você, como eu, gosta dessa sensação de prisão espacial — vai se sentir em casa. Lembrei imediatamente do metrô da Matrix. A saída que é também a entrada.

Logo depois, o acidente. Uma das crianças fica presa no carro, a noite se aproxima, e a tensão cresce. Sabemos, desde o massacre inicial, o que acontece à noite. Os monstros virão.

Mas From não explica muito. Você não sabe o que são aquelas criaturas. Você mal as vê. Só vê as pessoas fugindo, se trancando, sobrevivendo como dá.

E o episódio termina assim: com o caos instalado, perguntas no ar, e nenhuma garantia de segurança. A cidade parece engolir quem entra. Quem chega, não sai. Quem está dentro, apenas sobrevive — um dia de cada vez.

Esse episódio piloto tem tudo que é necessário e não fica se atrapalhando com longos comentários explicativos sobre quem são os personagens. Ao invez disso, ele deixa você no meio de toda a ação de forma relativamente rápida e, em seguida, lentamente preenche algumas coisas ao longo do caminho. Alternando uma velocidade frenética em que algumas coisas acontecem com a lentidão narrativa que citei no início.

Nós não precisamos de uma narração misteriosa nos dizendo sobre os horrores que aguardam. Nada é expositivo, pelo contrário, todas essas coisas estranhas acontecem num mar de normalidade. A série simplesmente nos jogar direto na cidade e imediatamente definir o palco para o que está por vir foi um movimento brilhante. É tudo estranho, mas as pessoas ali agem com uma normalidade que atiça a nossa curiosidade.

Esse é o ponto de partida de From. Uma cidade isolada, cercada por um mistério brutal. Criaturas noturnas. Ciclos temporais. Pessoas assustadas. E você, como espectador, tão perdido quanto os personagens.

Todo mundo está com medo, mas quer ajudar e não está disposto a deixar alguém de fora para morrer uma morte horrível. E é frenético nesses momentos finais, com Ethan (a criança), em grave perigo, Kristi tentando o seu melhor para estabilizar seu corpo, e Boyd tentando estabilizar o motorhome. Então você tem Jim (o pai), que está confuso como todo o inferno sobre o que está acontecendo e preocupado com seu filho. Você pode imaginar o que estaria passando por sua cabeça quando seu filho tem uma barra enfiada nas pernas, e o xerife da cidade está mais preocupado em garantir que as janelas estejam cobertas?

Apenas nós sabemos o que acontece quando as criaturas entram.

  • Todos os personagens causam algum tipo de impressão, porém: Porque Sara matou o Toby? Parece que ela está mentalmente doente, ou talvez alguém a tenha mandado para lá matar o Toby? Tudo sobre a Sara é o nebuloso.
  • Eu já posso dizer que Jade será o homem mais irritante e desagradável que já ficou preso naquela cidade.
  • Eu realmente gostaria de saber como iria ser a primeira recepção. Agora eles provavelmente terão que gritar com essas pessoas incrédulas em vez de conversar calmamente com eles depois de cortar seus pneus.

E assim começa essa série. Estranha, silenciosa, lenta — mas cheia de promessas. Eu sigo nas Segundas Impressões. Episódio a episódio. Porque algumas coisas só fazem sentido quando a gente assiste pela segunda vez.

— Como disse Boyd: Eles estão chegando.

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